Memórias e Histórias (2000-2007)

Moondo Records: o amigo Fawster Teles (in memorian)

Brindemos à memória desse camarada que se tornou, assim como seu antigo companheiro de banda, Jardel, grandes amigos.

No início dos anos 2000, iniciei (e vice-versa) os contatos com Fawster, na época guitarrista e vocalista da banda piauiense Zorates. Conforme os releases da banda, Zorates significa “louco”. Não me perguntem sobre idiomas, línguas, linguagens, dicionários e afins. Sei apenas aquilo que os impressos divulgados pela própria banda a definiam. Por sinal, era uma banda arretada!

Os loucos de Teresina, através do “relações públicas” e a zorra toda, Fawster Teles, foram parceiros pioneiros, tanto da Moondo Records – o cidadão da capital do Piauí atuou ainda na produção de shows, foi editor de zines e o escambau –, como também apoiou e ajudou na trajetória da nossa banda, o Recidivus.

Nos conhecemos pessoalmente, na verdade fomos surpreendidos quando, momentos antes do show do Recidivus em Fortaleza-CE (2002), em torno de quatro ou cinco pessoas, portando um recipiente peculiar cheio de cachaça (um trabalho artesanal a partir de uma “pata” e de uma canela bovina), chegaram perto da gente com um semblante fechado, meio desconfiados… Portanto, e, para quebrar o gelo, eu fui logo exclamando: “Rapaz, vocês são o Zorates! Só gente doida mesmo para pegar um busão no esquema bate-volta, de Teresina para Fortaleza.” Pronto. Daí em diante, os caras perceberam que falávamos a mesma língua. A linguagem entorpecida! (risos).

Fawster Teles partiu desse mundo em 2022. A gente arrefece a saudade lembrando os bons momentos das turnês, das gargalhadas, das cachaçadas e de tantas outras histórias e momentos vividos com o Spiritus Zoratus!

ZORATES. Fawster Teles é o primeiro, à esquerda. (Foto compartilhada por Jardel).

Ainda em vida, mas com a saúde debilitada, o amigo Fawster teve a máxima consideração, escrevendo com certa dificuldade de concentração, uma valiosa contribuição e, possivelmente, as suas últimas linhas rememorando e compartilhando momentos singulares no underground nordestino. Passaram-se poucos dias, até que o citado amigo Jardel enviasse uma mensagem pessoal informando sobre o falecimento do guerreiro. Muito obrigado, Fawster Teles! Sua arte e suas palavras jamais serão silenciadas:


“Minha vida inteira dediquei-me ao circuito Metal, seja com bandas, organizando eventos, publicando zines e indicando os amigos a uma turma aqui e outros acolá. [Em] meio a tudo isso, por volta de 2002 conheci o Edmundo, na época [da] Moondo Records. [No ano seguinte, quando ele] estava organizando a turnê dos curitibanos do Imperious Malevolence, e que passaria por Teresina e tocaria com a minha banda na época, o Zorates. Tive o prazer de hospedar os caras lá em casa por dias a fio, como acontecia na maioria das vezes. Em outra situação, juntaram-se Recidivus, [um membro do] Anthropophagical Warfare, Decomposed God e Zorates numa turnê histórica, cheia de aventuras, comédias, e tudo de bom que poderia sair dessa trupe. Tocamos em Teresina, de onde partimos numa van após o evento rumo a São Luís-Ma para show no sábado e em Belém no Domingo. Do meio pro fim, já se tratava de zumbis headbangers, eu mesmo na volta, lembro de mero flashes de consciência. Experiências de vida que só adquirimos na estrada. Uma satisfação do caralho de ter conhecido o Ed e toda a turma do Recife.” (Fawster Teles).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Um pensamento em “Moondo Records: o amigo Fawster Teles (in memorian)”